Templo Do Despertar

Diálogo entre Mestre e Aluno:

M: Mestre

A: Aluno

A: Bom dia, Mestre.
Em uma de nossas conversas,
o senhor disse que o corpo é o templo do despertar.
Poderia aprofundar nesse tema?

M: O corpo é o primeiro altar.
Mas o homem moderno o trata como uma lata de lixo.
Ou como um boneco de vaidade.

Ele se entope de porcarias.
E depois quer que o espírito voe.

Ele vive entorpecido.
E depois clama por clareza.

O corpo sente antes da mente entender.
O corpo é mais sábio que os pensamentos.

Ele avisa. Ele alerta. Ele chora.
Mas quase ninguém escuta.

Porque escutar o corpo exige presença.
E presença assusta.

Presença tira todos os brinquedos.
Presença não permite fuga.

Um Mestre trata o corpo como sagrado.

Não por vaidade.
Mas por respeito à energia que habita nele.

Ele não treina para ter músculos.
Ele treina para ter presença.

Ele não jejua por moda.
Ele jejua para ouvir o silêncio das entranhas.

Ele não come por prazer.
Ele come por reverência.

Cada alimento, cada respiração, cada movimento . . .
é um ato devocional.

O corpo não é um obstáculo para o Despertar.
O corpo é o instrumento.

Mas apenas se for limpo.
Apenas se for vigilante.

Apenas se for afinado como uma harpa divina.

Você não precisa de mais suplementos.
Você não precisa de mais superalimentos.

Você precisa de menos mentira.
Você precisa de menos estímulo.
Você precisa de menos apego à boca.

A disciplina verdadeira começa pelo estômago.

Porque quem governa o que come . . .
governa tudo.

Dormir bem é sagrado.

Andar em silêncio é sagrado.

Respirar lento é sagrado.

Transpirar com propósito é sagrado.

Sentar em postura firme é sagrado.